sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Na beira da estrada: Fé e Homenagem



Por Rosiney de Oliveira Gomes

No Brasil, as estradas matam tanto quanto as armas. Nossas rodovias não fazem distinção entre ricos, pobres, famosos ou anônimos. Quase todos que precisam utilizar esse meio de transporte correm um grande risco, andam no fio da navalha o tempo todo. Seja num carro de passeio, de ônibus, na boléia de um caminhão, em cima de uma moto ou de uma simples bicicleta. Nem mesmo os pedestres ficam de fora dessas estatísticas. Melhor dizendo, os pedestres são as principais vítimas dessa violência sem freio. Nas estradas, o perigo é constante e real. Nunca se pode brincar ou desviar a atenção um minuto sequer. Segundo os órgãos de transporte do estado, a imprudência dos motoristas é um dos maiores causadores de acidentes fatais, seguido pela impunidade, má conservação das estradas e pelas brechas que existem nas nossas ultrapassadas leis de trânsito. Elas permitem que o infrator continue dirigindo mesmo depois de causar gravíssimas e fatais tragédias.

Bom, isso são velhos e graves problemas que devem ser abordados e resolvidos pelas autoridades competentes, com a participação da sociedade - a mais prejudicada, é claro. Também não é esse o principal assunto que abordarei nessa matéria. Aqui, vou contar para os leitores algumas histórias e curiosidades a respeito das vítimas, simbolizadas pelas milhares de cruzes fincadas às margens das estradas, rodovias, avenidas, ruas e vielas. Tenho certeza que muitos leitores que pegaram seu carro ou outro meio de transporte algum dia e foram passar um fim de semana ou suas férias em outro lugar, fora da cidade, já deram de cara com uma ou mais delas. Também não é preciso viajar para longe para testemunhar isso.

Quem acorda de manhã e sai para o mercado, padaria, feira ou mesmo para o trabalho todos os dias, pode encontrar uma cruz nas esquinas, nos canteiros ou nas calçadas, já que elas estão espalhadas por todos os cantos.

Em conversa com um funcionário da prefeitura e outro do DETRAN, fiquei sabendo que não há necessidade de autorização especial desses respectivos órgãos para os familiares homenagearem seus parentes que se tornam as vítimas constantes das estradas. Há um respeito natural, por parte dos órgãos, em relação à fé e à religiosidade das pessoas, desde que as cruzes não interfiram diretamente no andamento do trânsito ou dos transeuntes.

O povo brasileiro é muito religioso, sua fé e respeito pelos mortos é demonstrada de todas as formas. A morte, para muitas pessoas, é um assunto difícil de ser abordado. Todos nós iremos enfrentar esse caminho, mas na hora de falar abertamente sobre o assunto, ele se torna indigesto. Para contar essa história, procurei muita gente, que por um motivo ou outro passou por uma tragédia dessa natureza - um acidente, numa curva qualquer, dessas muitas estradas, espalhadas por nosso estado. Ninguém quis colaborar comigo. Ninguém se dispôs a reviver tudo outra vez - o drama vivenciado, afinal de contas, a dor é grande, as feridas demoram a cicatrizar e muitas nunca cicatrizam, como alguns chegaram a me confessar. Mesmo assim, consegui informações que foram importantes para a redação dessa matéria.

Dona Joana (nome fictício) me recebeu em sua casa. Descobri que seu marido foi uma vítima fatal de atropelamento, mas antes de falar de sua reação, vou contar como cheguei até ela: Estava eu, com minha câmera na mão, fazendo umas fotos para ilustrar meu trabalho no Km 12 da CE 020, quando se aproxima uma senhora de aproximadamente 40 anos e pergunta por que eu estava fotografando aquela cruz. Respondi que estava fazendo um trabalho sobre o assunto e precisaria das fotos. Aproveitei e perguntei se ela conhecia algum parente daquela vítima e, para minha sorte, ela disse sim. Disse-me que o homem que faleceu naquele local morava do outro lado da CE, praticamente em frente de onde estávamos. Segundo sua versão, o homem tinha saído de casa para cortar o cabelo. Preparava-se para ir ao enterro da sua esposa, que havia falecido no dia anterior. Agradeci a atenção e as informações e fui até a casa que ela indicou como sendo da filha do falecido. Para minha sorte e - com o faro de jornalista já - procurei checar a informação recebida com outra pessoa mais adiante, antes de chegar à casa de dona Joana. Para minha surpresa, descobrir que, na verdade, Joana é a viúva do morto e não a filha, como me disse a primeira informante –. Escapei de passar por um grande mico. Bom, vamos ao que é mais importante nisso tudo. Enquanto me dirigia ao local indicado, pensamentos mil me atormentavam. Estava preocupado, e não podia ser diferente, com a reação da viúva. Com muito cuidado, me aproximei da casa. Bati palmas, apareceu uma criança de mais ou menos oito anos na porta. Perguntei por dona Joana e o menino saiu disparado para dentro de casa gritando: “vozinha, tem um homem lá fora lhe chamando”. Ela apareceu em poucos segundos – não deu nem tempo para eu me acalmar, já que estava ansioso e preocupado. Recebeu-me muito alegre. Com um sorriso no rosto, pediu-me para sentar no sofá e sentou-se à minha frente, em uma cadeira. Eu estava nervoso, como já disse anteriormente, mas não podia deixar transparecer. Também devia aproveitar a oportunidade de estar com uma pessoa que podia me contar uma história verídica sobre um dos muitos atropelamentos fatais que acontecem por esse mundo afora, todos os dias. Tomei coragem e comecei me apresentando como estudante de jornalismo e explicando sobre o trabalho que estava fazendo. Depois, olhando firme para ela, disse: Dona Joana, fiquei sabendo que a senhora passou por uma tragédia em sua vida há algum tempo e gostaria de contar com sua ajuda para fazer o meu trabalho. Continuei, antes que ela pudesse falar, sei que sua dor é enorme, eu sinto muito, mas sei também que esse é um caminho que todos nós iremos traçar, mais cedo ou mais tarde. A senhora concorda comigo? Antes que ela respondesse, vi que o sorriso lindo e espontâneo com o qual ela havia me recebido fugiu completamente do seu rosto. Em seu lugar apareceram, em seus pequenos olhos, lágrimas, muitas lágrimas. Ela abaixou a cabeça, cobriu o rosto com as mãos e disse: O senhor me desculpe. Gostaria imensamente de ajudar-lhe, sei o quanto é importante seu trabalho, mas é que eu não consigo falar, ainda, desse assunto. Apesar de já fazer quase quatro anos que ele se foi, para mim parece que foi ontem. Suas palavras saíam trêmulas e engasgadas, a força parecia ter desaparecido do seu corpo naquele instante. O esforço para dizer alguma coisa era muito grande, assim como o sofrimento, visível. Vi que a vontade de colaborar comigo era sincera, mas suas forças perante aquele acontecimento trágico e doloroso eram muito menores do que sua intenção de me ajudar. Fiquei feliz de sentir sua sinceridade e, ao mesmo tempo, triste de ver o esforço que fez para colaborar, sem ter sucesso, já que um acontecimento dessa magnitude deixa feridas que são difíceis de ser curadas. Algumas, o tempo cicatriza. Outras, não. Depois de alguns instantes de silêncio sepulcral, tomei coragem mais uma vez e perguntei: é verdade que seu esposo estava atravessando a CE para ir cortar o cabelo no dia do acidente? Ela, compassadamente, disse: “ele nunca gostou desse negócio de velório, enterro, qualquer coisa fúnebre. Mas no dia que a nora dele morreu, ele fez questão de acompanhar tudo, inclusive, queria ir ao enterro. Saiu, sim, para cortar o cabelo naquele dia, antes do enterro. Foi também antes de conseguir atravessar a CE que o carro pegou ele...” – ela não conseguiu continuar, paramos por aqui.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Gunther Von Hagens – Médico ou açougueiro?

Por Rafaela Santana

A primeira pergunta que nos vem em mente é: O que a morte tem a ver com a arte? A arte sempre foi utilizada para registrar a morte em toda a história da humanidade. Jesus Cristo foi pregado na cruz e se tornou o símbolo mais poderoso do cristianismo, porque ao mesmo tempo mostra o horror da morte e a esperança na salvação e vida eterna. Mas outras civilizações se utilizavam disso para aprisionar o coração e a mente do seu povo. Os egípcios usavam a arte na vida e na morte estampada nos túmulos e implantada em sua cultura. Os Astecas mostravam o sacrifício humano para se alcançar a vida eterna. Os Etruscos (aglomerado de povos que viveram na atual Itália) transmitiam mensagens de uma vida eterna através da arte.

A arte sempre foi um instrumento utilizado pelo homem para expressar seus sentimentos, desenhando, pintando, esculpindo. Com o passar dos séculos, o contexto de arte foi adaptando-se à cada cultura. Assim, cada grande artista colaborava na sua época com algo a mais nas suas obras.

Chegamos ao século XXI e nos deparamos com algo que chocou o mundo. Body Worlds, de Gunther Von Hagens, conhecido como o “escultor de cadáveres” ou o “Salvador Dali do corpo humano“. Von Hargens, anatomista alemão de 57 anos, tem como sua fonte de inspiração um personagem do célebre quadro “A Aula de Anatomia do Dr. Tulp”, do holandês Rembrandt. Atualmente, vive na cidade chinesa de Dalian, onde montou uma verdadeira indústria de conservação de cadáveres. Difundiu um método da “plastinação”, que se resume na imersão do espécime ou órgão dissecado em acetona para evacuar toda a água do corpo. “Leva-se a um banho de polímero de silicone (como silicone de borracha ou o poliéster), e é selado numa câmara em vácuo. A acetona sai do corpo em forma de gás e é substituída pelo polímero de silicone até ao nível celular mais profundo; O polímero de silicone endurece e assim o espécime é preservado de uma forma perfeita, como se tivesse vida já que consegue manter o relevo original e a identidade celular”, ensina Von Hargens.

O alemão considera-se continuador de uma tradição iniciada por ninguém menos que Leonardo da Vinci, gênio renascentista considerado o precursor da anatomia moderna, ele dissecou mais de 30 corpos em uma época em que a Igreja punia severamente a prática. O anatomista ficou rico e famoso com suas "obras de arte" feitas de cadáveres. Em entrevista ao nosso blog, o psicólogo e professor universitário, Carlos Roger Sales, falou que: “Ela nos inquieta como só arte que aproxima do humano pode fazer. Ele nos mostra uma maneira forte como é a vida e a finalização desta. Mas se você for ver de perto, ele coloca os corpos como se estivessem vivos. Deste modo, ele fala mais da vida que da morte.”

Milhares de pessoas visitaram a exposição Body Words no mundo todo. As opiniões são variadas: Médico ou açougueiro? Essa foi uma das avaliações feitas por pessoas que visitaram a exposição, de autoria do anatomista. É normal a adoração ao corpo morto? “Fazemos isso de certo modo quando velamos alguém. É uma adoração ao que foi e não é mais. Uma maneira de manter a memória. Imagens e símbolos religiosos têm uma função bem semelhante”, respondeu Roger. Será que o trabalho dele chega a beneficiar a medicina ou é só uma espécie de show bussiness? Uma pergunta de difícil resposta, pois a pouco tempo ele fez uma autópsia ao vivo para um canal de TV, onde dissecou o cadáver de um homem de 72 anos na frente de uma platéia de 350 pessoas que disputaram os valiosos ingressos . Assim que ele fez o primeiro corte com o bisturi, a platéia veio abaixo. Aquilo que Von Hagens faz, para uns é considerado arte, enquanto para outros é simplesmente um show de horrores, que explora o corpo humano da maneira mais vulgar. Com certeza, é melhor do que o “nosso jornalismo policial”, que gosta de exibir corpos baleados e esfaqueados. “Mas se o artista o fez de um modo respeitoso e explicativo, por que não?” Expõem Roger. Von Hargens afirma que seu trabalho tem cunho educativo, o público pode comparar os pulmões de um fumante e de um não-fumante e ver os estragos que o álcool causa ao fígado, por exemplo, e não fala abertamente que considera o seu trabalho obra de arte, mas percebe-se que ele tem pretensões nesse campo.
A polícia do mundo todo está investigando de onde vêm os corpos que o anatomista utiliza nas exposições. Em 2004, a Sociedade Internacional de Direitos Humanos chegou a exigir, o fim da exposição itinerante que tem recolhido em todo o mundo severas críticas e rasgados elogios, briga que foi em vão. Na concepção pós-moderna de arte, mostrando o belo ou o grotesco, há a intenção de chocar, e a exposição de Von Hagens realmente choca a todos. Claro, quem ainda tem dúvidas sobre o que pensar, não perca a oportunidade de visitar a exposição na próxima vez que ela estiver no Brasil.


Juquelino Matias




A FAMA ETERNA

Se procurarmos uma definição para a morte encontraremos vários sinonimos. Óbito, falecimento ou passamento dessa para melhor são algumas formas já conhecidas. A morte é o fenômeno natural que mais se tem discutido tanto em religião, ciência e com opiniões diversas sendo caracterizada pelo homem com misticismo, magia, mistério e segredo. Mas o que dizer quando um ser humano morre e mesmo depois de anos ausente ainda temos a sensação de que ele ainda vive? O assunto em questão não se trata de espíritos mau resolvidos que vagam pelo mundo a fora, mas sim de pessoas famosas que já não estão mais no mundo material e mesmo assim ainda são admiradas e idolatradas por milhares de pessoas. Essas celebridades de fama eterna conseguem através de sua imagem proporcionar uma relação financeira bastante rentável. Recentemente, foi divulgada pela revista americana Forbes uma lista dos mortos que conseguem os melhores ganhos. Em primeiro lugar aparece o cantor americano Elvis Presley conhecido mundialmente como o rei do rock que, mesmo depois de trinta e um anos de sua morte, arrecadou a bagatela de US$ 52 milhões (aproximadamente R$ 118,7 milhões) ultrapassando estrelas do pop ainda vivas como por exemplo Madonna.

É algo inexplicável essa relação de admiração e reconhecimento por parte dos fãs e admiradores desses artistas que já se foram. Quem não lembra de Raul dos Santos Seixas que nasceu em Salvador, Bahia, em 28 de junho de 1945. Raul foi pioneiro na mistura de todo tipo de influência musical ao rock and roll, passeando e acrescentado ritmos nordestinos. O seu segundo compacto, Ouro de Tolo, foi o seu primeiro grande sucesso. Raul que morreu no dia 21 de agosto de 1989 vitima de um ataque cardíaco devido a problemas causados pela bebida, deixou uma legião de fãs que é imensa em todas as faixas etárias. Na internet é possível ter acesso a um acervo significativo do músico no site http://www.raulrockclub.com.br/.
Além de Raul, outros nomes famosos fazem parte dessa lista como Fred Mercury, Cazuza, Luis Gonzaga, Mamonas Assassinas, Leandro, da dupla Leandro e Leonardo, e também Renato Manfredini Júnior, mais conhecido como Renato Russo. Carioca nascido no dia 27 de março de 1960, cantor, compositor e membro da banda Legião Urbana é considerado um dos grandes compositores do rock brasileiro. A banda Legião Urbana desenvolveu um estilo mais próximo ao pop e ao rock que agradou e ainda agrada milhares de fãs em todo o país. Músicas como Que país é esse, Tempo perdido, Será, Pais e filhos entre outras fazem da Legião Urbana uma das principais bandas do rock brasileiro. Russo permaneceu na banda até sua morte, em 11 de outubro de 1996.

Ídolos que já se foram mantém até hoje com os seus admiradores uma relação de cumplicidade, adoração e acima de tudo respeito com uma pitada de nostalgia. Mas existem pessoas que transformam essa relação em um negócio de mão única. Como foi o caso das fotos do capitão Virgolino Ferreira, vulgo Lampião, o rei do cangaço. Fotos essas que foram tiradas pelo libanês Benjamim Abrahão onde aparece Lampião, Maria Bonita e todo o bando e que recentemente foram utilizadas sem a permissão da família.Vários processos estão em andamento na Justiça contra essas empresas. Entre elas, as empresas responsáveis pelos filmes O Cangaceiro, de Aníbal Massaini, e O Baile Perfumado, de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. A admiração e a curiosidade sobre os ídolos que já se foram são bem vindas desde que qualquer manifestação escrita ou audiovisual seja legalizada para que fãs e admiradores possam viver e repassar para outras gerações momentos marcantes da arte mundial.


Carolyne Barros e Tarsiano Holanda

5 mm*


Hoje carreguei uma farpa. Uma farpa no dedo, daquelas que incomodam, fincada embaixo da unha, numa dor constante que a princípio você acha que pode aguentar. Sabe uma daquelas coisas tão pequenas que ninguém ao seu redor consegue entender como pode machucar tanto? Aí você acaba entrando na onda, achando que o seu organismo vai empurrar a farpa pra fora, expurgar o mal como um mecanismo de defesa. E é ai que inflama, que cria pús, que o dedo gangrena... Eu não posso dizer que a dor era insuportável, mas se tornou difícil suportar de tão irritante que era. O incômodo me parecia um soco no estômago durante um ataque de asma. Foi como nadar em busca da superfície e não chegar nunca. Meu corpo entrou em pane. Meus pulmões não sabiam mais o que fazer com o oxigênio. Meus membros perderam a sua já frágil firmeza. Era como se o meu peito tivesse sido aberto, estraçalhado. Foi como tomar veneno. Dor angustiante, insustentável e desesperadora. Foi como perder o domínio dos sentidos e respirar os minutos lentamente, à espera do fim. O findar da dor e o findar de mim. Parecia a morte. Mas não era a morte, era algo pior. A minha agonia era prolongada, interminável. Eu sentia meus pulmões se enchendo de água, num afogamento ininterrupto. E essa porra não vai acabar não? Meu corpo não vai reagir e empurrar essa merda de farpa pra bem longe da minha vida? E por que 5 mm de moléstia me tiraria o fôlego da vida? Na minha existência humana nunca encontrei dor mais aguda. Dor de deixar impotente, de confundir o juízo. De se assemelhar à minha idéia de morte. Mas era pior. Era, além de sofrida, humilhante. Um metro e sessenta e dois de gente morrendo pela fragilidade, pelo embaraço e vergonha. Medidas exatas: 90 cm de busto, 74 cm de cintura e 93 cm de quadril. Quem entenderia os remelexos das tripas, o corpo doído e a respiração ofegante? Entendi, a partir dali, que morrer não é dor, não são tubos ou aparelhos enfiados no corpo. Morrer é falta, ausência, penar. Porque alguma coisa vai ficar e você vai ter que ir. Ou algo vai e você fica. Separados por dor e lágrimas. A farpa não saía e eu não conseguia agüentar. Eu queria tirá-la de mim antes de me esgotar. Cinco milímetros para o final da vida. A farpa no meu dedo, padecendo minha vida. De mim só restava o desespero. Doença crônica, de dor aguda. Câncer que me absorve, mutila meu órgão. Cinco milímetros de tumor no meu corpo. Farpa aguda, indicador de dor. Dor que me deu dó de mim.


Lentamente, em movimentos imperceptíveis, tornei-me inconsciente. A farpa-tumor me arrancou o peito esquerdo e me levou a vida. Não aquela que respira, coagula e drena. A vida biológica existe após a cirurgia, os medicamentos e os corredores frios dos hospitais que visitei. A maldição me levou o direito à alegria e o gozar das belezas. O corpo estranho saiu e deixou a vida. A vida morta, corrompida e mutilada. Vida e morte presas num tecido podre.


*Baseado na história de Dona Rita e nas emoções do Quebra Salto.

Franciso Edilson de Araújo

Eterna maquiagem
Muitas pessoas já tentaram, em vão, enganar a morte. Fórmulas mágicas, simpatias, cremes rejuvenescedores, pílulas da saúde, exercícios físicos, alimentos diferenciados e todos os artifícios possíveis e imagináveis. Contudo, como diria Chicó, personagem vivido por Selton Melo em “O Auto da Compadecida”, um dia todos se encontram “com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre.”

Diante da constatação do fato, ou seja, da morte, cumpre-se um ritual desconfortantepara os familiares, que têm a responsabilidade de preparar o corpo para as últimas homenagens. As pessoas que participam da cerimônia de despedida, olhando o morto no esquife com aquela aparente serenidade, costumam dizer: “parece que está dormindo”. Ou ainda: “nem aparenta que está morto”. É comum ouvirmos esses tipos de comentários, mas o que a maioria não sabe é o processo por trás de toda essa aparente “boa impressão” causada pelo finado, ou melhor dizendo, a pessoa responsável por esse trabalho.

Gustavo Meireles coordena a equipe incumbida por dar essa aparência aos seus “clientes” na Funerária Ternura, localizada em Fortaleza. Ele esclarece que, em geral, o maquiador também tem habilidades com técnicas de embalsamento, raramente ele apenas maquia o cadáver. O curso técnico de maquiador existe em São Paulo, Belo Horizonte e também na Bahia, mas a profissão isolada ainda não é reconhecida. Mesmo sem o reconhecimento oficial, o ofício já tem nome: necromaquiador. Mas não há quem escape do já tradicional rótulo de “maquiador de defunto”, brinca ele. O curso superior de embalsamador pode ser feito na Unesp, em São Paulo. Tem um profissional formado que integra a equipe e é responsável pela reciclagem do grupo.

Sobre o preconceito ele diz que existe, mas também não anda por aí espalhando aos quatro ventos a sua profissão. “Tenho medo de que me neguem um aperto de mão”, descontrai ele, abordando um pouco sobre a segurança da equipe e os equipamentos utilizados para a proteção durante a atividade. Indagado se a profissão é rentável, ele esclarece que sim pois “todo dia morre gente”. O preço do serviço varia de 400 a 900 reais por pessoa, dependendo do grau de dificuldade. O tempo em que essa maquiagem irá permanecer também é um fator a se levar em conta, tendo em vista que alguns corpos demoram mais para serem sepultados, necessitando, portanto, de uma maquiagem mais duradoura. A título de curiosidade, o material utilizado é o mesmo para vivos e mortos.

Quando o cadáver apresenta algum tipo de perfuração no corpo que não possa ser ocultado pelas roupas, utiliza-se uma cera necrofílica, isso após a sutura feita pelo técnico embalsamador. Com o orifício encoberto fica mais fácil o trabalho do maquiador. Sua função é transformar aquele cadáver que chega, na maioria das vezes horripilante até para os técnicos, em um ser com aspecto que transmita tranqüilidade e paz para seus familiares. Dependendo do estado do corpo, algumas vezes os familiares mandam uma foto para ajudar na reconstituição.

Para Gustavo, o valor financeiro é o que menos importa nessa hora. Muitas pessoas nem sabem que o serviço existe, pois geralmente é incluso no “pacote”, e quando se deparam com o corpo, depois de pronto, até estranham, pois quando o viram na última vez as feições eram bem diferentes. O procedimento da maquiagem, que leva em média de 20 a 30 minutos, permite um retoque no rosto, fazendo desaparecer os hematomas e a palidez cadavérica, resultando em algo bem próximo da aparência natural da pessoa.

Gustavo se diz orgulhoso de sua profissão, principalmente, porque consegue enxergar os resultados do seu trabalho nos rostos dos vivos, que ficam mais aliviados quando vêem seu ente querido com um aspecto menos grotesco do que estava antes de chegar ali. Ele costuma dizer que “a morte não é tão feia como pintam, o que pode ter ocorrido é que alguém exagerou na maquiagem”.


Giovanna Cavalcante

MORREU DE QUE??

Para morrer basta estar vivo. Todo mundo sabe que a morte é algo natural. As mortes de causas naturais como ataque cardíaco, ou até mesmo as causadas pela velhice são comuns no dia a dia. O que chama atenção e vem aumentado são as mortes ditas “inusitadas”, também chamadas de tragicomédias, assim as mortes estranhas são aquelas ocorridas de forma diferente. Alguns tipos só acontecem a cada 10.000 anos. Outros casos são menos raros, mas não menos importantes. Estas ditas estranhas são, na maioria das vezes, engraçadas; outras podem ser impressionantes. Algumas delas são incríveis demonstrações de burrice, enquanto outras são situações acidentais bem trágicas.

O caso recente de uma senhora do Rio Grande do Sul, que transportava o caixão do seu falecido marido no veículo da funerária, e um automóvel de passeio colidiu na traseira do carro da funerária, deslocando o caixão para frente, que acabou atingindo a vítima. Ela morreu. Essa história relata que nem mesmo a morte separa.

Outro caso ocorreu no ano de 1991. Estava tudo calmo na fazenda da tailandesa Yooket Paen, que na época tinha 57 anos. As plantas cresciam e seu gado leiteiro produzia vários baldes por dia. Mas leite não era tudo o que os animais produziam. Certo dia, Paen caminhava pela propriedade quando, acidentalmente, escorregou em estrume de vaca. Desequilibrada, segurou em um cabo para não cair. O problema é que aquele não era um cabo qualquer: tratava-se de um fio desencapado, carregado de eletricidade. E a mulher morreu eletrocutada. Triste, mas o mais surpreendente estava por vir. Alguns dias depois do funeral, Yooket Pan, irmã de Paen, foi mostrar como havia sido o acidente fatal. E morreu exatamente da mesma maneira.

Parece mentira, mas foi real. No século XIV, ninguém tinha uma barba mais longa que o burgomestre austríaco Hans Steininger. Orgulhoso, ele via descer do seu queixo fios que chegavam a 1,5 m. Num dia de 1567, houve um incêndio em Braunau, a cidade do barbudo. Na pressa, Steininger esqueceu-se de recolher seu cipoal de pelos. Correu feito louco, mas acabou enroscando-se na própria barba. Perdeu o equilíbrio, caiu e quebrou o pescoço.

Mortes com arma de fogo são bastante comuns, por isso todo cuidado ao mexer nesse objeto é pouco. O advogado americano Clement Vallandigham defendia Thomas McGehan, acusado de ter matado um tal de Tom Myers a tiros. Para provar a inocência de seu cliente, ele reproduziu a posição em que o cadáver foi encontrado e mostrou que, ao tirar a pistola do coldre, Myers teria se matado. O advogado fez a encenação com uma arma que (ele não sabia) estava carregada. Morreu no tribunal. McGehan foi absolvido.

Existem muitos casos de mortes inusitadas na antiguidade, o exemplo é a de um dos poetas trágicos gregos, considerado o pai da tragédia, que morreu de forma trágica, mas digna de um filme. Ele simplesmente levou uma tartarugada na cabeça enquanto escrevia um artigo para a Desciclopédia. Uma águia (ou urubu) deixou a tartaruga cair na cabeça de Ésquilo, que morreu na hora.

Talita Emanuelle Figueredo Sales

ORKUT: Há Vida após a morte.


"Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada."
(Fernando Pessoa)

O Orkut tem cerca de 15 milhões de usuários brasileiros cadastrados. O que acontece com os dados on-line de uma pessoa que morre? Mas o para onde vão os perfis dos mortos? Usuários falecidos continuam vivos em seus perfis do Orkut e são cada vez mais numerosos. Podem hoje somar perto de um milhão. E teoricamente só eles poderão encerrar suas contas.

A mais famosa comunidade do Orkut, chamada “PGM” (profiles de gente morta), para quem não conhece, é uma comunidade que se dedica à postagem de perfis de pessoas falecidas no Orkut. Pode parecer cruel, mórbido e muita falta do que fazer, mas é a realidade. É somente curiosidade, nada mais. Morte é um assunto que sempre gerou e sempre vai gerar curiosidade nas pessoas. Contando com um total de 58.900 membros, a “PGM”, comunidade criada no orkut pelo brasileiro Guilherme Dorta, destina-se à pesquisa de gente que já faleceu, mas segue viva na internet, via blogs, flotologs, MSNs e páginas pessoais no orkut. Aqui vemos como, de uma hora para a outra, nossa vida acaba e deixamos tudo para trás, inclusive banalidades como Orkut, sites de relacionamentos ... Banalidades essas que, por vez, podemos chamar de "rastros virtuais".


Na visão de Guilherme Dorta, todos estes elementos podem ser vestígios que funcionam, ao mesmo tempo, como conforto aos que ficam, e espécie de imortalidade virtual dos que partiram. Dada a natureza do tema, a comunidade pode soar como algo sombrio e fúnebre. E, num primeiro momento, realmente o é. De acordo com as regras escritas por Dorta na abertura da página, o usuário que quiser informar sobre a morte de alguém deve colocar como título do tópico de discussão, o nome do falecido entre sinais de “+. Dorta deixa claro também que é contra qualquer tipo de violência e jamais faço apologia a morte aqui nessa comunidade.

Mas o que são esses rastros virtuais? Um conforto para quem fica? Uma imortalidade virtual? Bom, estamos aí para discutir... O psicólogo Carlos Roger Sales da Ponte2 concedeu entrevista via email. Ele faz uma breve análise da curiosidade em relação à morte:

Talita - Porque a morte atrai tanta curiosidade, seja numa cidade pequena do interior ou numa gigantesca comunidade online?

Roger Sales - A morte sempre nos atraiu. Heidegger, filósofo alemão, disse certa vez que os animais findam; só o homem morre. Queria dizer que só nós sabemos que vamos morrer e tudo que isso implica. Nascer, viver e morrer. O interesse se dá porque somos finitos e nada podemos contra isso. Afinal, é uma das coisas que nos faz humanos.

Talita - Como interpretar O fato é que nasceu uma nova rede social completamente dedicada a pessoas que morreram. Seríamos todos mórbidos enrustidos?

Roger - Enrustidos, não. Falam abertamente sobre isso. Há certo gosto por isso. E só se pode falar de gosto por aquilo que nos dá gosto. Fazemos isso de certo modo quando velamos alguém. É uma adoração ao que foi e não é mais. Uma maneira de manter a memória.

Talita - Por que a morte, o último, derradeiro e definitivo evento tem tanto “charme”?

Roger -
Penso que pelo mesmo motivo que disse acima. É uma maneira de permanecer a vida. Mas negando a morte, este grande momento da vida.

Talita - Sempre que acessamos os “scraps” de uma pessoa que tenha falecido, encontramos diversas mensagens e homenagens, sendo que esse perfil poderá nunca sair do Orkut. Porque as pessoas deixam recados de despedida nos perfis dos mortos?

Roger - Quem sabe? Talvez uma fé em que o falecido veja... Ou, o que é mais provável, para que os outros vejam como “você é legal”! Não é para isso que existe Orkut? Para todos te verem?
Talita - Será uma esperança que haja acesso à Internet do “outro lado” (ou que as almas pelo menos sintam as vibrações de quem postou) ou simplesmente uma forma de desabafar, de exteriorizar o luto, a saudade? Homenagem ou Morbidez?

Roger - Vide resposta acima.

Talita - A visita constante na comunidade PGM ou no Profiles de gente morta pode ser considerado falta de privacidade até depois de morto?

Roger - Ele não está mais aqui para falar coisa nenhuma. Quem tiver a senha dele que apague a página.

Talita - A nossa geração está mais “amortecida” com os fatos trágicos, como se tudo fosse descartável?

Roger - A vontade de viver é grande demais. Mas esqueceram que morrer é humano. A sociedade do consumo e do hedonismo em parte causou isso: imagens sempre jovens, corpos jovens, palavras jovens, velhos “jovens”, cirurgias para a juventude, etc, etc. Sem dor, não há aprendizagem (Sófocles).

Talita - Até onde vai à febre de redes sociais?


Roger - Não sei te responder.

Consegui mais duas entrevistas através de emails Karol R. Fäshbuer e Marcelo Fritz, dois personagens que abastecem a PGM de informações a partir de notícias do jornal. E há quem registre na comunidade a morte de parentes, amigos e conhecidos.

Karol R. Fäshbuer, 21 anos, uma sul-mato-grossense que atualmente reside em São Paulo capital e trabalha com serviços de internet. Ela afirma que, apesar da velocidade e virtualidade do contato pela net, acredita em vida após a morte, com uma visão espiritualista e um julgamento pelos nossos atos em outro plano espiritual. Para Karol, o tabu de discutir sobre a morte diminui com a internet, e se no início seus amigos achavam estranho olhar obituários online, hoje a maioria participa das comunidades de gente morta.

Marcelo Fritz, que trabalha com manutenção de equipamentos de informática, em Ponta Grossa, Paraná, utiliza os chamados fakes (profiles falsos), onde a foto, informações e, às vezes, o gênero do indivíduo não é o que parecem, para participar de uma comunidade de gente morta. Segundo Marcelo, o motivo para acompanhar essas comunidades é simples. “Bem, a morte é o ponto, de uma forma ou outra é uma coisa que chama a atenção. Muitos ali acompanham em tempo real algumas tragédias, um noticiário dinâmico dá pra se dizer”, diz Marcelo.

Para Marcelo, as informações que não são acessadas após certo tempo deveriam ser deletadas, pois não há motivo para estarem ali. Apesar de não ter interesse em deixar um profile “cristalizado” na net, Marcelo conta que o que atrai os olhares são os profiles de gente que morre jovem. Mesmo assim, ele acredita que essa curiosidade mórbida irá passar na medida em que envelhecer.

O site de relacionamentos Orkut está servindo de memorial de vítimas ficaram lotados com mensagens de apoio escritas por parentes, amigos e, em muitos casos, desconhecidos. A “PGM” é uma espécie de sucessora torta dos obituários dos jornais. Se você está no site de relacionamentos, vale pensar sobre o assunto.

Sem mais, desejo que todos descansem em paz...

1Afirmação de Sérgio Suiama, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal durante V Seminário de Defesa do Consumidor.
2Psicólogo, Mestre em Filosofia pela UFC e professor de Filosofia e Psicologia da Faculdade Integrada do Ceará (FIC). Contato:
jardimphilo@yahoo.com.br

Talita Emanuelle F. sales aluna de Jornalismo e dona do Blog Matina.

Julita Cysne Amaro


Medo dos vivos

O mercado de trabalho está cheio de profissões que nem todo mundo gostaria de trabalhar. Uma delas é a do coveiro. É um emprego que não é muito valorizado e que deveria ser, pois são eles que preparam a terra para os mortos descansarem. A certeza que nós temos é que um dia nós também vamos ser enterrados por algum deles.
Para eles, a profissão é um emprego como qualquer outro, e o que eles não querem é ficar desempregados. É com o salário de coveiro que eles sustentam suas famílias.
Para muitos é um trabalho assustador. Para outros é um trabalho comum. O cemitério é um lugar onde muitas pessoas acham que só tem assombração, gente chorando, mas não é só isso não. Algumas pessoas têm curiosidade de saber as histórias que acontecem nos cemitérios.
O local tem histórias que ninguém imagina, conta o senhor Raimundo Albano Amaro, de 56 anos, que trabalha no parque da paz no turno da tarde.

Quantos anos você trabalha no parque da paz?
“12 anos.”
Quais os dias que têm mais visitantes??
“São os dias comemorativos , Dia das mães, Dia dos pais, Natal. Mas o que tem mais visitantes é o Dia de finados”
Você já teve vontade de chorar em algum enterro que era de uma pessoa que o senhor não conhecia?
“Às vezes da vontade de chorar , mas eu me controlo e saiu de perto.”
Você tem medo de trabalhar no cemitério?
“Não. No turno da tarde aqui é tranqüilo, não tenho medo dos mortos tenho medo é dos vivos”
Você gosta do seu trabalho?
“Sim, gosto muito.”
Porque você começou a trabalhar aqui?
“Tava desempregado e eu trabalhava no ato florestal. Assim que eu saí do emprego no outro dia eu já tava trabalhando aqui.”
As pessoas têm medo de você?
“Não, tem não.”
Você já viu alguma coisa que pode ser de outro mundo?? Conhece alguém que já viu?
"Não. Conheço um rapaz que diz que viu uma mulher que já tinha morrido sentada numa pedra no cemitério".
Sua família se incomoda com o seu trabalho?
“Não se incomoda. Mas as pessoas perguntam como eu agüento. Já estou acostumado. ”
Já aconteceu algo inusitado?
“Teve uma vez que um homem morreu e na hora do velório veio a esposa e a amante e as duas começaram a brigar, na frente de todo mundo. Tem também uma senhora que perdeu o filho. Ele foi assassinado e enterrado aqui. Ela vem visitar ele todo dia e quando não pode vir quem vem é o empregado dela.”

Veja agora a entrevista de Francisco Carlos Alves Bezerra, de 36 anos, que já trabalhou no turno da noite no cemitério Parque da Paz.
Quanto tempo trabalha aqui ?
“17anos.”
Já aconteceu algo inusitado?
"Já sim, aqui já vi famílias brigando por herança".
Já viu alguma coisa que pode ser de outro mundo? Ou conhece alguém que já viu?
“Nunca vi, mas tem gente que diz ter visto à noite uma mulher de branco, parecendo uma enfermeira, andando por aqui.”
Você já teve medo de trabalhar à noite no cemitério?
“De trabalhar aqui não tenho medo, mais à noite, quando eu fico só, dá uns arrepios e dizem que a capela à noite dá medo. Nessa hora eu não passo por lá. Tenho medo é dos vivos!”
Você gosta do seu trabalho?
“Sim, gosto.”
Por que e como você começou a trabalhar aqui?
"Na época, eu estava desempregado. Me chamaram para fazer um teste e eu passei.”
As pessoas têm medo de você por trabalhar no cemitério?
“Medo não. As pessoas acham estranho.”
Sua família se incomoda de você trabalhar no cemitério?
“Não.”

No cemitério Parque da Paz, quando os jazigos estão lotados, a exumação é feita pelos coveiros depois de 5 anos com a permissão da família. Os ossos são colocados dentro de uma urna e enterrados novamente.
O trabalho do coveiro é de abrir a sepultura, fazer a estrutura com tijolos e depois o enterro. Os equipamentos usados para o trabalho são pá , cimento, enxada e carrinho de mão. O papel desses funcionários não é só enterrar os restos mortais. Mas também cuidar do local e deixar ele limpo para que possamos visita-lo. O valor do jazigo é de R$7 mil a R$9 mil, dependendo do setor.


Serviço

Parque da Paz
Telefone: (085) 3295.2577
(085) 3295.1088

Diego Lage e Antônio Bomfim

DESCANSEM! EM PAZ?



Caucaia, 20 de agosto. A cidade, em pleno desenvolvimento na Região Metropolitana de Fortaleza, recebe a visita mais ilustre de sua história. Era a vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva de ministros e parlamentares. Assim que desembarcou na Capital, juntou-se ao governador Cid Gomes (PSB) e seguiu para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém – área destinada, em Caucaia e São Gonçalo do Amarante, a empreendimentos de maior porte – por volta de meio-dia. O anúncio, breve e emocionado, deixaria a cidade em polvorosa: as obras para a instalação de uma refinaria de petróleo começam no fim do próximo ano. São R$ 18 bilhões em investimentos para dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado a curto prazo. Trata-se da melhor notícia, de todos os tempos, para a economia cearense. Menos para o pequeno e esquecido povo indígena Anacé.

A comitiva cruzou a rodovia CE-085, atravessou o distrito de Matões e chegou ao Complexo do Pecém. A área, praticamente desertificada, acolhe uma das maiores concentrações de impostos e tributos do Nordeste. Antes de ser criada, culminou com desapropriações e reassentamentos. Ninguém mais deveria morar no local, nem às margens de uma estrada carroçável, aberta à esquerda da CE-085. Mas lá está dona Maria Valdênia Silva Lima, 47. Ela residia na região central de Caucaia e não tinha mais condições de pagar aluguel. Em setembro do ano passado, seguiu “de mala e cuia”, para o Matões. Invadiu “o terreno que não tinha ninguém” e, hoje, reside com o marido numa tapera. Passa o dia sem nada fazer senão cozinhar, lavar roupa e dormir. O esposo, por sua vez, trabalha e passa o dia ausente.

O clima é tranqüilo. Não há vizinhos. Não passam carros. Sequer há passarinhos. “Moro onde não mora ninguém”, admite a comadre. Mas a simples austeridade pode estar perto do fim. "Veio um pessoal aqui e disse que eu tinha que sair imediatamente”, comenta. O pessoal era proveniente do Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) – órgão responsável pelas terras do Estado. “Disseram que vão fazer num sei o quê aqui”, completa. Dona Maria promete ficar “até quando der” e não tem idéia, porém, do próximo “cantinho para ir” em Caucaia. Em meio ao ostracismo, não tomou conhecimento sobre a visita presidencial.

O que o Idace quer fazer – e não informou à solitária moradora do Complexo do Pecém – é o levantamento topográfico para a futura refinaria. A tranqüilidade, em breve, dará lugar a um canteiro de obras e, futuramente, ao maior empreendimento do Ceará – capaz de produzir, diariamente, 300 mil barris de petróleo. Há ainda a perspectiva de gerar, entre diretos e indiretos, 90 mil empregos.

Mas a invasora não será a única afetada com a novidade. A estrada carroçável, meio quilômetro adiante, dá acesso ao cemitério Cambeba. Também não há movimento, carros ou vizinhos. Até enterros são raros. De acordo com a Prefeitura de Caucaia, foram somente 25 sepultamentos desde o início da atual gestão municipal, em 2005. Segundo o coordenador do Núcleo de Cemitérios, Mauro Duarte, “a procura é mínima", mesmo com a isenção de taxas. Ele aponta a distância em relação ao centro da cidade como uma das causas para a demanda abaixo da média.

O Cambeba pode estar na área que abrigará a refinaria. O Governo do Estado, no entanto, não se pronuncia sobre o caso, tampouco a Prefeitura de Caucaia. O Idace atesta que o cemitério está dentro do Complexo do Pecém na área que, por decreto, é de utilidade pública. Já a Agência do Desenvolvimento do Ceará (Adece) confirma que uma área de Caucaia, no CIPP, foi cedida, a título de estudos, para a Petrobras. Mas mantém o silêncio sobre o Cambeba e o levantamento topográfico do Idace.

O povo indígena Anacé habita áreas de Caucaia e São Gonçalo do Amarante – municípios que abrigam o Complexo do Pecém. Documentos de 1651 e 1712 comprovam a presença da etnia na área. E o Cambeba também teria surgido neste período. A Prefeitura de Caucaia admite que o cemitério fora criado pelos índios e, ainda hoje, é o único local para o sepultamento de anacés.

Francisco Ferreira, 28, o Júnior Anacé, é quem conta a história de seu povo. Segundo ele, o cacique Cambeba morreu sob a sombra de uma pitombeira e lá foi enterrado. Assim surgiu o cemitério, isolado e de difícil acesso. A árvore, ele destaca, ainda está lá.

Os anacés não toleram a possibilidade de acabar com o Cambeba. “Lá estão nossos ancestrais, nossa história”, reclama João Freitas, 38, o Joãozinho Coração de Índio. A avó, Têda Anacé, foi enterrada em 1960, no Cambeba, aos 104 anos. Mas ele não lembra, ao certo, onde está o túmulo. A identificação de jazigos é precária. Parte tem somente uma cruz, sem inscrições ou registros. “São os (índios anacés) mais antigos. Eram analfabetos”, completa Júnior.

Um menino, aos 10 anos, morreu em 1927 e “deixou saudade de seus paes (sic)”. Em 1935, uma mulher de 35 partiu e “deixou saudade de esposo e filhos”. Estes são os jazigos mais antigos cuja identificação de nomes e datas ainda é possível. Já um homem morreu em 1936, deixando “saudades de sua esposa e família”, mas a lápide desgastada impede a visualização de seu nome. Há ainda um homem cujos dados estão num galão de querosene.

São cerca de 1.265 índios anacés. “Nós não vamos abrir mão desse cemitério por nada desse mundo”, exclama Júnior Anacé. Segundo ele, a etnia não é contrária à refinaria, desde que o Cambeba seja preservado. Um documento, adianta Júnior, será elaborado e levado ao Ministério Público Federal (MPF). O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também será acionado paralelamente. A demarcação das terras, junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) também está sendo encaminhada.

O povo Tapeba, também de Caucaia, maior etnia indígena do Ceará, promete se unir aos anacés. De acordo com a Associação das Comunidades Tapebas, as informações sobre o caso também já chegaram às aldeias e o debate vem se intensificando nos últimos meses. Eles ressaltam que há elos de união e comunicação entre as duas etnias e que também se posicionam contrários à execução de projetos na região. O presidente da associação, Ricardo Weibe Costa, o Weibe Tapeba, confirma que o MPF, o Iphan e a Funai devem ser acionados. Ao todo, são cerca de 6,5 mil tapebas em 17 aldeias.

A união visa evitar que os anacés venham a perder seu patrimônio e histórico e, além disso, não mais tenham um cemitério próprio. E os tapebas já tiveram problemas com sepultamentos. Um deles foi no início da década de 1980, registrado pelo fotógrafo Marcos Guilherme, 58. O filho de um cacique teve seu enterro proibido no cemitério Central de Caucaia – cujas terras pertenciam à etnia. Segundo o fotógrafo, o sepultamento só foi possível depois que o então arcebispo de Fortaleza, dom Aloísio Lorscheider, intercedeu. Antes da cerimônia, lembra Marcos, dom Aloísio celebrou uma missa na entrada do cemitério.
Já a pajé Raimunda Teixeira, 64, lembra do enterro do cacique Vitor Teixeira de Matos, 80. O cortejo partiu do rio Ceará e foi barrado na porta do cemitério. A administração do local alegava não haver vagas. De acordo com o então coordenador da Pastoral Indigenista, José Cordeiro, o dono da funerária que vendeu o caixão se revoltou contra a cena e doou o lote de sua família ao povo tapeba. O caixão havia sido comprado pela Arquidiocese de Fortaleza.

Conforme Júnior, especulações sobre a refinaria já circulam “há muito tempo” entre os anacés. Há oito anos, ele lembra, a etnia fechou a CE-085 em forma de protesto contra a execução de projetos na região e diz que “vai haver uma guerra” caso haja a confirmação da refinaria na área do Cambeba.

No Cambeba, todos descansam em paz – como recomenda uma fita presa a uma cruz, caída sobre o chão e repleta de cupins. Mas não se sabe até quando.

Viviane Moreira e Marcelo Bonavides

A TRANSCOMUNICAÇÃO: MITO OU REALIDADE?



Você já pensou que um dia poderia estar com o seu rádio desligado e ainda assim ouvir vozes falando com você? Ou então ouvir que seu gravador gravou muito mais do que aquela sua música favorita? Ou quem sabe, como nos dias modernos, fazer uma conferência com o além, através do computador? Calma, isso não é loucura e nem imaginação e saiba que para os estudiosos do assunto, isso pode acontecer sim! Porém, antes de explicar como isso é possível, vou contar um pouquinho sobre os bastidores dessa matéria.

Esse tema “Transcomunicação Instrumental” foi proposto pelo meu parceiro super corajoso, também estudante de jornalismo, Marcelo Bonavides. Até aí tudo bem, mas para escrever sobre algum assunto temos que no mínimo pesquisar. Era por volta das onze horas da noite, todos os funcionários do prédio comercial em que trabalho, já tinham ido embora e eu fiquei sozinha fazendo minhas pesquisas na internet. Li e ouvi tudo o que encontrei. Alguns sites mostram gravações de vozes como sendo de espíritos. Claro que não gostaria de ouvir aquilo tudo sozinha, ainda mais às onze da noite, mas como disse anteriormente, o meu colega super corajoso, não quis compartilhar este momento. Enfim, li algumas transcrições, ouvi algumas gravações e colhi alguns dados. Confesso que algumas vezes tive que ouvir música para distrair, pois não tinha como não me envolver no assunto. Enquanto isso, Marcelo pesquisava outros dados, não tão sonoros (rs) e me enviava pelo MSN. Bom, o resultado das pesquisas dessa noite é o que vou contar agora.

O significado de Transcomunicação Instrumental (TCI) é comunicação entre encarnados e desencarnados através de aparelhos eletrônicos. Estudiosos do assunto, os transcomunicadores, acreditam que os diálogos gravados nesses aparelhos podem ser utilizados como prova científica da existência da vida após a morte, ou como denominam os espiritualistas, vida após a vida.

O termo, transcomunicação surgiu na década de 80, na Alemanha, criado pelo físico Ernst Senkowski e significa comunicação com o mundo extrafísico. Porém, o país pioneiro nesse tipo de pesquisa é o Brasil, que registrou em 1909, o primeiro pedido de patente de um Telégrafo Vocativo, assim denominado pelo seu criador, o inventor português naturalizado brasileiro, Augusto de Oliveira Cambraia.

Uma experiência realizada no dia 05 de dezembro de 2004 no Centro Psicofônico de Grosseto, na Itália, Marcelo Bacci, pesquisador de TCI, com reputação internacional, realizou uma sessão experimental que marcaria a história das pesquisas deste fenômeno. Diante de 40 pessoas, entre elas, colaboradores do projeto e pais e mães que perderam seus filhos, Bacci conduziu por uma hora a comunicação entre os seres humanos e os espíritos, através de seu rádio à válvula, fabricado nos anos 50. Na ocasião, o aparelho foi inspecionado e posicionado em cima do banco, de forma inatingível por qualquer pessoa durante a sessão. Foram escutadas cinco ou seis vozes distintas em inglês, italiano e castelhano que se dirigiam as pessoas presentes, chamando-as pelos nomes. Porém, o ponto alto da sessão foi quando foram arrancadas cinco válvulas e, mesmo interferências ou danos às vozes.

Já em um caso mais atual, a ligação para o mundo extrafísico, pode ser feita pela internet, através do Skype, programa onde você fala ao microfone com pessoas do mundo inteiro sem custo nenhum, utilizando o computador como fonte. Segundo Sônia Rinaldi, fundadora do Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Intrumental, é dessa maneira que ela pode ajudar pessoas de várias regiões do mundo.
A pesquisadora cita o exemplo do casal Nestor e Amália, de Buenos Aires (Argentina) que perderam sua filha Mariana em 1998. Através dos métodos de gravação de Sônia, eles puderam se comunicar com a menina. Sônia afirma que foi a própria comunicante quem sugeriu o programa Skype, para facilitar a comunicação.

De acordo com o espírita e estudioso de TCI, João Alves de Sousa Neto, esse processo “pode ser realizado por qualquer pessoa, desde que, ela desenvolva alguns conhecimentos na área de eletrônica e comunicação”. Isso, por que existe uma freqüência correta em que os espíritos se comunicam. Porém o processo não é fácil e precisa do auxílio de um espírita. Afirma também que “não é especialidade dos Centros Espíritas desenvolverem tal prática, porém, ela está de acordo com a doutrina kardequiana desde que, tenha uma posição séria, de respeito ao estudo”
Esse fenômeno, também é base para literatura e cinema. O livro “Transcomunicação Instrumental – Espitirismo e Ciência” da pesquisadora brasileira Sônia Rinaldi, é um dos campeões de venda no assunto. Já no cinema, o filme, “Vozes do Além” estrelado por Michael Keaton, mesmo com um toque hollywoodiano, mostra a narrativa de um viúvo que, após a morte de sua segunda esposa, passa a receber mensagens de sua amada através de ondas de rádio.

No mundo atual, quase tudo é sensacionalismo, quase tudo é feito e divulgado de forma que haja um retorno financeiro. Dentre as minhas fontes de pesquisa, todos eles afirmam serem verídicas as gravações expostas na rede. Porém, ainda há espaço para as pesquisas sérias, que se comprovadas podem ajudar a acalmar os corações de muitas famílias.

A Doutrina Espírita, através do seu lado científico, vai se adaptando às novas tecnologias. Os experimentos vão se realizando de forma satisfatória, com resultados que unem os três aspectos importantes do Espiritismo: Religião, Ciência e filosofia.
Agora se a transcomunicação instrumental é mito ou realidade? Isso vai depender se a ciência pode comprovar.

Informações sobre TCI:
www.transcomunicacao.net
www.ippb.org.br
www.ipati.org

Alex Sandro da Silva Sousa

MORTES BIZARRAS



Como algumas pessoas no mundo morreram de forma hilária e entraram para uma lista bem seleta.

A morte nem sempre é sinônimo de choro e tristeza, principalmente quando se trata das suas circunstâncias. Muitas pessoas no mundo morrem de forma um tanto quanto estranha e esquisita sendo até difícil de acreditar na história da causa mortis que o destino guardou para elas. Morrer é algo muito normal, mas muitas histórias de certos óbitos fogem do convencional. Nenhum órgão oficial cataloga esse tipo de informação, mas existe um site especializado em juntar e julgar as mortes mais estranhas do mundo. Inspirado na teoria da seleção natural, o Darwin Awards (darwinawards.com) relata como cometer suicídio fazendo roleta russa com uma pistola semi-automática ou o caso de um homem que chegou em casa bêbado. Não conseguindo abrir a porta ele tentou pular a janela. Sem querer, abriu a torneira, acabou se afogando na pia e foi encontrado morto com a chave de casa no bolso. Parece mentira mas é serio. O site que enumera essas mortes tem o cuidado de checar a veracidade de cada morte. O auxiliar de legista Abelardo Gurgel de Sousa, que trabalha no IML de fortaleza há vinte anos, conta vários episódios, casos de pessoas que chegaram ao Instituto Médico Legal com uma história de morte, no mínimo, curiosa. Abelardo conta a história de um pescador que morreu depois de engolir um peixe vivo, tendo o animal comido alguns de seus órgãos internos. Ele também relata o caso de um homem em Maranguape que encontrou um pequeno torpedo e tentou abri-lo com um machado. A casa foi para os ares, abrindo uma cratera de quase quatro metros. Outra historia que Abelardo conta é a de um rapaz em Fortaleza que estava com uma espingarda socadeira caçando. A arma deu um problema na hora de atirar, ele colocou o cano na sua boca para assoprar e apertou o gatilho. No mundo inteiro, as histórias são variadas. O que existe em comum nelas é a forma incomum de morrer, tendo em vista que ninguém escolhe como morrer. Mesmo assim, não é nada interessante morrer após escorregar em um punhado de estrume tentando se segurar em um fio de alta tensão. Esse fato ocorreu em 1991, na Tailândia, com a fazendeira Yooket Paen que, na época, tinha 57 anos. O mais hilário ainda estava por vir. Alguns dias após o funeral, Yooket Pan, Irmã de Paen, foi mostrar como havia sido o acidente fatal e morreu exatamente da mesma maneira. No século 16, ninguém tinha barba tão longa quanto o austríaco Hans Steininger. Orgulhoso, sua barba chegava a 1,5 m. Num dia de 1567, houve um grande incêndio em Brunau, a cidade do barbudo. Na pressa, Steininger se esqueceu de recolher sua barba. Correu feito louco, mas acabou enroscando-se na própria barba caiu e quebrou o pescoço.





CASOS BIZARROS
Ranking das mortes mais estranhas no mundo

1998 - Matthew David Hubai estava brincando de esqui-bunda numa montanha da Califórnia com os amigos quando, às 3 da manhã, tombou em frente a um poste. Detalhe: bem no poste do qual ele tinha tirado a espuma de proteção, que estava lhe servindo de esqui.
1999-Um grupo de terroristas palestinos planejava um atentado com carros-bomba em duas cidades israelenses. Estavam tão tensos que esqueceram que uma das cidades havia acabado de entrar no horário de verão. Um dos carros explodiu uma hora antes do previsto, matando 3 terroristas em pleno trabalho.
2000-Roleta-russa já não é uma das brincadeiras mais inteligentes que existem. Imaginem se a arma for semi-automática. Daquelas que sempre colocam balas na agulha. Pois é. Rashaad, um americano de 19 anos, esqueceu desse detalhe.
2001-O americano Ismael, 25 anos, dirigia uma camioneta quando perdeu o controle do carro e bateu em um poste de luz, derrubando fios de alta voltagem. Ele saiu ileso, mas foi encontrado eletrocutado com uma tesoura na mão. Sim, ele tentou livrar a porta do carona cortando a fiação de apenas 7500 volts.
2003-Ansiosa para andar em uma das montanhas-russas mais temidas do mundo, em Indiana, nos EUA, Tamar, 32, quis dar mais emoção à corrida. Ao chegar ao ponto mais alto, a moça, pós-graduada em Harvard, soltou os cintos e se levantou. O trem continuou seu percurso. Sem Tamar, que foi direto para o chão.
2005-Para facilitar sua vida, o croata Marko bolou um sofisticado limpador de chaminés: uma vassoura alongada com uma corrente. Só faltava algo pesado para acoplar ao invento e fazê-lo descer sem erro. Encontrou o objeto perfeito. Só não sacou que era uma granada. Durante a solda, a bomba explodiu. A chaminé continuou intacta.
2006-Um homem de 33 anos foi encontrado morto na entrada de casa, no Reino Unido, com ferimentos de faca no peito. A polícia suspeitava de assassinato. Sua esposa confessou ter ouvido o marido se questionar sobre a sua nova jaqueta. Se ela seria à prova de facas. Fez o teste e constatou que não.
2007-Michael era um alcoólatra, mas tinha uma doença bucal que o impedia de beber. Então, ele resolveu tomar por outro orifício. Introduziu o líquido no anus através de um aparelho que leva o líquido até o intestino. Só que Michael encheu a bolsinha do anus com mais bebida do que agüentava. Morreu de overdose.

Élida Pires e Patrícia Pires

ABORTO: CASO DE VIDA



Segundo a doutrina espírita kardercista, seguidora dos preceitos do livro dos espíritas, a Bíblia dos espíritas, decodificado por Allan Kardec, percussor da doutrina no mundo, o aborto é crime, pois transgride a lei de Deus. E se configura como delito independente do estágio em que ocorrer o aborto, porque desde a concepção, o espírito designado para habitar certo corpo já está ligado por um laço fluídico, e que, cada vez mais, vai se estreitando até o instante em que a criança vê a luz. O doutrinador do Centro Espírita Solar de Jesus, Orion Angelim Marrocos, comunga da opinião expressa por Allan Kardec, pois diz ser o aborto um crime ‘monstruoso’. “Trata-se do único mal que, quando cometido, mesmo depois de muitas reencarnações, você não consegue se purificar, além disso, uma mãe, ou quem quer que seja, tirar a vida de uma criança antes do seu nascimento, está impedindo que aquela alma cumpra a missão para a qual foi destinada aqui na Terra”, complementa Orion Angelim.

O doutrinador explica que quando a mulher conclui o ato de abortar e posteriormente não consegue mais engravidar, é porque ela já começa a pagar parte do mal que fez à criança. “O que fazemos de bem, receberemos o bem, mas o que fizermos de mal teremos retorno da mesma forma”, declara o doutrinador.

Quando se trata de analisar o que a Bíblia transcreve quanto ao aborto, a polêmica movimenta segmentos religiosos. Professores de religião defendem um aspecto, o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, defende outro, e assim por diante. Com isso, o que temos é uma enorme contradição.

Um dos fundadores do Centro de Pesquisas e Informações Religiosas voltadas para a área apologética – CACP, graduado em história e professor de religiões, professor João Flávio Martinez, inferiu através de seus estudos, com base na Bíblia, que o próprio Deus se relaciona com pessoas ainda não nascidas. Para comprovar o que descreve, cita o Salmo 139.16. O salmista diz, com referência a Deus: "Os teus olhos me viram a substância ainda informe". O autor se utiliza da palavra golem, traduzida como "substância", para descrever-se a si mesmo enquanto ainda no ventre materno. Ele se utiliza desse termo para se referir ao cuidado pessoal de Deus por ele mesmo durante a primeira parte de seu estado embrionário, ou seja, até o estado antes do feto estar fisicamente "formado" numa miniatura de ser humano. “Deus diz que Ele se importa com a criança e a está moldando” (Salmo 139.13-16), complementa Flávio Martinez.

O professor de religiões cita outros textos do livro sagrado que também indicam que Deus se relaciona com o feto como pessoa, como em Jó 31.15 que diz: "Aquele que me formou no ventre materno, não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre?".

João Flávio articula que esses versículos e outros (Jeremias 1.5; Gálatas 1.15, 16; Isaías 49.1,5) demonstram que Deus enxerga os que ainda não nasceram e se encontram no ventre materno como pessoas, não havendo outra conclusão possível. Assim, o professor discrimina completamente a opinião do bispo Edir Macedo, que tem gerado muitas polêmicas com a defesa da legalização do aborto.

Para o bispo Macedo, conforme entrevista cedida a Folha de São Paulo, o fato de ser favorável à descriminalização do aborto ocorre por muitas razões, entre elas, o número alto de mulheres mortas por causa de abortos mal realizados ou as situações precárias as quais muitas crianças estão submetidas. Explica ainda que a Bíblia prega que se alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele (Eclesiastes 6.3). “Não acredito que algo, ainda informe, seja uma vida”, conclui o bispo.

Já de acordo com a ciência moderna, existe vida a partir do momento em que o óvulo é fecundado. Assim, um novo ser vivo começa a se formar com um patrimônio genético já definido, ou seja, todos os aspectos biológicos, psicológicos e até um temperamento formado, inclusive cor dos cabelos. Desde a fecundação começa a aventura da vida humana com as imensas potencialidades que caracterizam a pessoa, por isso o indivíduo que cresce no ventre da mãe deve ser respeitado e tratado como uma pessoa desde a sua concepção, e por isso, desde esse momento, o novo ser que irá nascer deve ser reconhecido com seus direitos como qualquer ser humano, o direito a vida.

No Brasil, o aborto é legalizado apenas em dois casos. Quando a gestação resulta de estupro ou quando não há outro meio de salvar a vida da mulher, neste caso a mãe. As duas circunstâncias permitidas estão no artigo 128 do Código Penal, em vigor desde a década de 1940. Em todas as outras situações, estão previstas penas de clausura tanto para a mulher como para quem realiza o procedimento.

Assim, as penas podem ser: detenção de 1 a 3 anos, para a mulher que pratica o aborto em si mesma ou consente que outra pessoa o faça; reclusão de 3 a 10 anos, para a pessoa que faz o aborto em uma mulher, sem seu consentimento; reclusão de até 10 anos, para a pessoa que faz o aborto com o consentimento da gestante menor de 14 anos, ou de pessoas com transtornos mentais, ou ainda se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. As penas podem ser aumentadas em um terço se a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave, e são duplicadas se ela morrer por causa da lesão, se constituindo um crime de homicídio.

Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que, no Brasil, ocorram cerca de um milhão de abortos ilegais por ano. Assim, as condições precárias em que esses procedimentos são realizados fazem com que a prática seja a quarta causa de morte materna no país. Infelizmente, a legislação punitiva e a falta de serviços de saúde adequados à realidade brasileira obrigam as mulheres que querem interromper uma gestação indesejada a atravessarem a fronteira da legalidade.

É importante ressaltar que, no caso da mulher estar sofrendo risco de vida por causa da gestação, o médico poderá solicitar uma junta médica para atestar a necessidade do aborto. Nesse tipo de procedimento, o médico não necessita do consentimento da gestante nem do representante legal, para os casos de incapacidade do paciente.

Por fim, a partir do que foi exposto aqui, vemos com mais clareza a razão pela qual a discussão acerca do aborto é tão complicada. Afinal, as opiniões divergem bastante, além disso, por se tratar de uma vida humana, a questão não tem como ser simples de solucionar. Não se resume apenas a uma mãe ter ou não seu filho, pois atravessa os limites dos direitos humanos, indo por cima de qualquer lei, até o fato de simplesmente estar impedindo uma alma inocente e indefesa de cumprir sua missão na Terra, assim como afirma o espiritismo.

Kelly Schilling e Suiany Araújo

SENTIMENTOS FICAM QUANDO ELES PARTEM



Eles são capazes de suprir carências e sentimento de solidão, além de ajudar crianças a desenvolver a afetividade e senso de responsabilidade. Algumas famílias os adotam como filhos, conversam com eles e até dividem sentimentos. Por tudo isso, quando o animal morre, seja ele um cão ou mesmo um peixinho, o sentimento de perda costuma ser muito grande.

O médico veterinário, Elder Machado, que tem 27 anos de profissão. Nascido no interior do Ceará, na cidade de Senador Pompeu, está em Fortaleza há 15 anos, e resolveu montar a Clínica Veterinária e Pet Shop Dog & Cat.
Logo quando chegou a capital, percebeu que os pet shop’s da cidade jogavam os animais mortos no lixo. Deixavam em sacos plásticos, nas calçadas, para serem levados pelo caminhão da coleta. Preocupado e ciente que os animais deveriam ser enterrados, incinerados ou cremados, pela questão do desrespeito aos homens e aos outros animais, porque isso é questão de saúde pública, ele resolveu criar um cemitério para animais.

Park Cat & Dog Cemitério do Reino Animal, foi criado em 1999. Foi o primeiro cemitério, oficial, de Fortaleza e de todo o Norte e Nordeste, depois dos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Está localizado na região metropolitana da cidade, no Eusébio, e foi escolhido por ser o local mais perto e de fácil acesso a todos. Existem leis estaduais que são administradas pela Semace, Superintendência Estadual do Meio Ambiente, que regulariza a existência dele.
Sobre a questão fiscal do estabelecimento, diz o médico que a burocracia maior é em registrar o cemitério, é preciso um alvará da prefeitura, uma licença da Semace e a criação do CNPJ. Para os donos dos animais com interesse nos serviços do cemitério não existe nenhuma exigência, inclusive não precisa ser cliente do Pet Shop, são coisas distintas. “Por amor ao seu animal, não o jogue no lixo, junto com restos hospitalares ou detritos residênciais, expostos a urubus, moscas e mosquitos. Eles podem posar em seus alimentos” foi o apelo que o médico fez.

Park Cat & Dog Cemitério do Reino Animal, foi criado em 1999. Foi o primeiro cemitério, oficial, de Fortaleza e de todo o Norte e Nordeste, depois dos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Está localizado na região metropolitana da cidade, no Eusébio, e foi escolhido por ser o local mais perto e de fácil acesso a todos. Existem leis estaduais que são administradas pela Semace, Superintendência Estadual do Meio Ambiente, que regulariza a existência dele.

Por mês, 20 animais são enterrados e a procura por informações e interessados também é grande no pet Shop.O sepultamento coletivo com a manutenção custa R$ 150,00. O individual que lhe dá direito a enterrar três bichos custa R$ 600,00. Padrão Classe média, no geral. Não tem velório e o atendimento é 24h, recolhem seu animal e enterram depois, caso o bicho morra na madrugada.
Tem jazigo, pedra de lápide, do mesmo jeito do procedimento de um cemitério de gente. Os donos sempre aparecem por lá para visitar seus bichinhos e levam flores. O animal não precisa ser registrado e não precisa ser necessariamente, cliente do Pet shop.

Existe também uma outra preocupação que é quanto ao estado psicológico do cliente, no caso o dono do animal. Quando o cliente está muito sentido e tem um grande afeto pelo seu bicho, nessas horas, ele é encaminhado para o CCZ, Centro de Controle de Zoonose, para que tenha uma conversa com um psicólogo para que entenda toda a situação e seja confortado.