segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Editorial


Valéria Geremia (profª)

É preciso começar com uma explicação: nosso objetivo inicial era publicar as matérias a seguir em uma revista impressa. Como não foi possível, a turma de Produção e Edição de Textos para Revista do Curso de Jornalismo da FIC, no segundo semestre de 2008, envolveu-se na elaboração do blog que aqui está, no qual se buscou ultrapassar os limites - as linhas - que normalmente delimitam nossa curiosidade sobre ELA, por medo, tabu, falta de criatividade ou outros motivos...

Correndo o risco de confirmar o caráter pessimista do jornalismo, esse Editorial traz uma notícia decididamente má: UM DIA, VAMOS MORRER. Não todos juntos, não no mesmo dia - pelo menos esperamos que não -. A maior parte de nós não tem a menor idéia do QUANDO, embora alguns tipos de leitura "do azar" às vezes ofereçam fornecer A Sua Data. Eu faço parte do grupo que não quer ter a menor idéia DO DIA. Mas não evito a todo custo falar DELA. A Morte, inegavelmente, faz parte do nosso cotidiano. Durante o semestre em que trabalhamos nessa revista, ELA certamente pisou sorrateira e curiosa ao redor, passou ao lado, ou espiou por cima do ombro de quem escrevia, concentrado, justo sobre... ELA.

Preciso, ainda, explicar porque A escolhemos. Havia outros temas competindo e, é claro, surgiu uma resistência natural a escolhê-La como O Tema. Foi então, aos poucos, quando se começou a refletir e a fazer a defesa dos assuntos que poderiam compor a pauta, que a maioria foi percebendo as diversas formas interessantes de abordá-La. Percebendo, também, o quão pouco se aprofunda a reflexão sobre ELA, apesar de ser exaustivamente usada em seu aspecto chocante e superficial pelo jornalismo sensacionalista (amarelo ou marrom, ao gosto do freguês). Nós, ocidentais, principalmente, evitamos demais pensar ou falar DELA.

Passamos pela curiosidade mórbida e percebemos que há cruzes nas beiras das estradas lembrando a Sua passagem, mas falando muito mais dos vivos... que Ela faz parte de animados circuitos de turismo (!) e já tem seu espaço cativo no meio virtual. Às vezes, aceita bem uma maquiagem, pode ser transformada em "arte" (será?) ou originar uma TRANScomunicação entre o mundo de cá e o mundo de lá. Ah, foi literária e corajosamente explorada em uma crônica de 5 mm, mas não deixamos de respeitar seu espaço tradicional, os cemitérios, que foram visitados em busca de mistérios sobrenaturais (será que os vivos não são mais perigosos e polêmicos do que os mortos?). Também com licença literária, temos o depoimento de um cliente de funerária moderna (à lá Brás Cubas). Descobrimos, entretanto, que há, sem dúvida, situações em que a morte gera vida, a doação de órgãos é possivelmente um dos exemplos mais intensos dessa dialética. As religiões, claro, sempre procuram distinguir uma da outra e sublinhar as linhas que não podemos cruzar. No final das contas, tudo depende daquilo em que você acredita...

Quando nos aventuramos a refletir por conta própria, é preciso recordar que, ao contrário do que pensamos, Ela sempre está presente. Tudo que nasce, morre. A flor que você ganhou ontem, a infância, os sentimentos, o amor, a beleza, até a dor morre, acreditem. Quando fugimos DELA, por paradoxal que seja, negamos completamente A Vida - assim, em letras maiúsculas também -. E quando a encaramos de frente, aprendemos a conviver com a perda, nos tornamos mais maduros, com mais condições de nos aproximar da mitológica felicidade. Ou, ainda, se pode chegar à conclusão oposta: de que, pelo contrário, nada morre. Apenas passa para outras realidades, outras formas de vida inacessíveis para nossos sentidos agora (ou quase inacessíveis...?). A morte pode ser a maior de todas as metamorfoses, a aventura mais radical...

Mas é melhor refrear o entusiasmo, rsrsrs. O convite que fazemos agora é para que você passeie pelo Blog e leia os textos que resultaram da coragem dos alunos do Curso de Jornalismo da FIC. Abrimos totamente os portões para recebê-lo... estão meio velhos e rangem um pouco, é verdade, mas, querido leitor, não se incomode com isso. Tenha certeza de que sua visita é muito importante para nós. Esperamos que tenha bons momentos aqui...

3 comentários:

Anônimo disse...

Não poderia haver uma introdução mais cabível aos "mórbitos?" textos que se seguem. Trocando em miúdos, o editorial tá "massa".

Anônimo disse...

Falar de meorte é divertido, triste, rico, trágico, dependendo do lado que se está, ela tem um preço e um tipo de emoção...esse editorial tem tudo isso e mais um pouco, confira!! ta show val, parabéns!!!

Anônimo disse...

Трогательная идея, как скоро ожидается поступление обновлённого материала и вообщем стоит ждать ?